Nossa história

            A Casa de Retiros de Santa Maria foi inaugurada em 01 de janeiro de 1949, por iniciativa dos padres Palotinos e importante colaboração da comunidade santamariense e dos valorosos imigrantes italianos, formadores da Quarta Colônia de imigração.

            São mais de 60 anos de uma bela história, que é contada pelo Pe.Francisco Bianchini (Pe. Xiko) em 3 artigos escritos para o jornal "A RAZÃO".

            É uma leitura rica em detalhes, que vale a pena ser lida para que possamos conhecer um pouco da determinação dos homens e mulheres daquela época.

 

Uma casa referencial (60 anos de história)

 

Postado por Jornal A Razão em Sexta-feira, Janeiro 23, 2009, 17:34

Pe. Xiko

 

A Casa de Retiros completou 60 anos, no dia primeiro de janeiro, deste ano, por isso, quero lembrar um pouco de sua história.

O sonho de uma casa para retiros fechados nasceu na década de 30, na mente e no coração do Padre Palotino Frederico Schwinn. Na época, 1921, ele trabalhava em Santa Maria como pregador de retiros para religiosas e especialmente para estudantes. Era capelão dos irmãos Maristas, no Colégio Santa Maria. Pe. Frederico era exímio pregador, de palavra fácil e fluente, mas ele mesmo afirmava que sempre preparava muito bem as homilias.

Em 1933, ele escreveu carta ao superior dos palotinos indicando a chácara onde hoje está a Casa de Retiros, na ocasião pertencente ao Sr. Caetano Rissetti, com uma área de 9 hectares. Pe. Frederico argumentava que a casa de retiros deveria ser construída dentro dos limites da Paróquia das Dores cujo projeto de construção estava em andamento na época, o que realmente se concretizou.

Infelizmente, devido à sua saúde frágil e, sobretudo, pela sobrecarga de trabalhos, faleceu com apenas 66 anos, no Hospital de Caridade de Santa Maria, em 1934, ficando esquecido, por algum tempo, o sonho de uma casa para retiros. Mas, o que é de Deus não morre para sempre!

Naqueles tempos, vários padres palotinos dedicavam-se a pregar retiros nas paróquias e capelas da Quarta Colônia, como os padres Rafael Iop, Pedro Bottari, Jorge Zanchi, João Iop, e especialmente os padres Celestino Trevisan e Rafael Pivetta. Todos eles foram as sementes que geraram a atual Casa de Retiros.

Os retiros eram abertos e organizados por categorias de pessoas, e realizados nas igrejas durante o dia, sendo que as pessoas, à noite, iam para casa. Mas o Pe. Celestino começou a pregar retiros fechados, o que não era nada fácil pela falta de uma casa própria para isso, razão pela qual voltou a se acender o sonho de se ter uma casa específica para retiros.

Como resultado dos fervorosos retiros em toda a Quarta Colônia e em Santa Maria, nasceu o Primeiro Congresso de Retiros Apostólicos em São João do Polêsine, de 17 a 22 de janeiro de 1939. No final desse Congresso, a idéia da construção da Casa de Retiros, gestada durante longos anos, foi reassumida. Pode-se afirmar, inclusive, que foram os frutos desse Congresso que levaram Dom Antônio Reis, bispo diocesano, a apoiar, com toda a força, a realização do sonho da Casa de Retiros.

A partir daí, passou a ser disputado o lugar para sua construção. Pe. Rafael Iop escreveu três cartas ao superior maior em Roma propondo a construção e dizia que, se fosse construída em Faxinal do Soturno, o povo doaria o terreno. Em 7 de março de 1940, o Pe. Geral dos Palotinos, em visita ao Brasil, Pe. Carlos Hoffmann eleva a Região Missionária Palotina à categoria de Província e confirma Padre Rafael Iop como primeiro provincial da nova província. Em sua primeira circular como provincial, Pe. Rafael lança uma pergunta a todos seus confrades palotinos: “Uma Casa de Retiros na Diocese de Santa Maria”? E exclamou: “A nossa Casa de Retiros se chamará ‘CENÁCULO DA RAINHA DOS APOSTOLOS’.

A primeira proposta de lugar foi Faxinal do Soturno com o argumento de ser o centro da Quarta Colônia. Alguns padres preferiam Arroio Grande por ser mais perto de Santa Maria e por ser perto da Estação Colônia tão importante na época. Mas, por fim, venceu a idéia inicial, creio que por justiça, do primeiro mentor, Pe. Frederico Schwinn, o qual preconizava que a Casa de Retiros fosse construída em Santa Maria, e assim se fez!

Caetano Rissetti pedia 50 mil réis, mas três valorosos homens, os senhores César Trevisan, João Trevisan e Pedro Lôndero, quatro voluntários da Paróquia das Dores, compraram a chácara de Caetano Rissetti por 40 mil e a doaram aos padres palotinos para construírem a Casa de Retiros, perto da Igreja Nossa Senhora das Dores.

 

Uma casa referencial II (60 anos de história)

Autor: Pe. Xiko

04 de Fevereiro de 2009

 

No primeiro dia de janeiro de 2009, a Casa de Retiros da Diocese de Santa Maria completou 60 anos de história.

Já falamos de suas origens e de suas dificuldades.

Inaugurada no dia primeiro de janeiro do ano de 1949, passou a ser o Cenáculo de aperfeiçoamento e formação de homens e mulheres que, durante três dias, no silêncio e na oração, buscavam e buscam o encontro maior e mais profundo com Deus.

Palavras de Dom Antonio Reis, bispo diocesano, no lançamento da pedra fundamental: “Eis aqui, meus queridos filhos, os primeiros exercícios espirituais que foram feitos na Igreja, pelos quis nasceu com todo seu vigor generoso.

Eis aqui, no Cenáculo, onde os apóstolos estavam recolhidos, a primeira Casa de Retiros.

Caríssimos filhos, nós hoje à tarde lançaremos a pedra fundamental do nosso Cenáculo, da Casa de Retiros, graças à iniciativa dos reverendos padres palotinos, à testa deles o padre Rafael Iop, digno provincial da mesma congregação.

Vamos lançar a pedra fundamental desse Cenáculo, dessa Casa de Retiros, para nele se recolherem os sacerdotes e o laicato católico, para que daí saiam confortados e retemperados e para que daí levem para fora a luz daquela fé, que naquele tempo, os apóstolos levaram do Cenáculo para o mundo.

A nossa Casa de Retiros é ponte que une o céu e a terra.

Oh, ponte abençoada que prepara o encontro das almas com Deus!

Oh, se as paredes desta Casa, depois de algum tempo, pudessem falar, quantas maravilhas nos revelariam!

Dir-vos-iam que entraram pecadores e saíram purificados, dos que entraram tíbios e saíram fervorosos, dos que entraram fervorosos e saíram santos”.

E acrescentou: “A Casa de Retiros não é a casa da nossa Mãe, sob o sugestivo título de Rainha dos Apóstolos?

Este título é penhor seguro de prosperidade da Casa de Retiros e da proteção daqueles que a ela se recolherem”.

Essas foram algumas palavras do então Bispo de Santa Maria, Dom Antônio Reis.

Bênção da Pedra Fundamental: “Aos vinte e nove do mês de abril de 1945, sendo chefe da Igreja Católica o Santo Padre o Papa Pio XII, presidente da República do Brasil o Dr. Getúlio Dorneles Vargas, Bispo de Santa Maria Dom Antônio Reis, Interventor Federal o Tenente Coronel Ernesto Dorneles Vargas, Provincial dos Palotinos Padre Rafael Iop, Prefeito Municipal de Santa Maria o Dr. Miguel Meireles, digníssimo Dr. Ciro Pestana, Juiz de Direito, Cura da Catedral Mons. Valentim Ferrari, Vigário de Nossa Senhora das Dores o Padre Gabriel Bolzan, presentes inúmeras representações religiosas e elevado número de fiéis leigos, foi benta a pedra fundamental por sua Excia. Revma. o Bispo Diocesano Dom Antônio Reis.

Foram oradores da solenidade o Padre José Busato, da Pia Sociedade das Missões (assim se chamava a Sociedade Palotina), o Dr. José Mariano da Rocha Filho e o Padre Frederico Didonet, para constar, ad perpetuam rei memoriam, foi lavrada esta ata”.

Pe. José Busato, ao falar do acontecimento, exclamou: “Santa Maria, terra querida de Nossa Senhora, hoje lança os alicerces de seu Cenáculo, de sua Casa de Retiros, para aperfeiçoar as almas na senda das virtudes”.

Dr. José Mariano da Rocha Filho afirma: “Este foi um grande acontecimento para o mundo católico santa-mariense” e reafirmou que, “para retemperar a nossa fé, nada melhor que a meditação profunda das sublimes verdades da nossa santa religião.

Esta será a missão da Casa de Retiros”.

O orador também se reportou ao Cenáculo de Jerusalém, ao método de Santo Inácio e citou a voz de diversos papas e mestres de espiritualidade.

Com este resumo, podemos saborear um pouco desse feito e reviver o que aconteceu em cinco anos de trabalhos, para que, como conta a história, “A Diocese de Santa Maria tivesse seu Cenáculo”.

(Fonte: Arquivo Provincial e Informações Palotinas, ano 55, nº 2, dezembro de 98)

 

Uma casa referencial III (60 anos de história)

 

Postado por Jornal A Razão em Sexta-feira, Fevereiro 6, 2009, 15:24

Padre Xiko Bianchini

 

Da Casa de Retiros de Santa Maria, desde as primeiras conjeturas, sonhos, debates, dificuldades e lutas pela sua concretização até a data de sua inauguração no dia primeiro de janeiro de 1949, já se falou um pouco.

As primeiras moradoras foram as Irmãs de Maria de Shoensttat cuja superiora era a Irmã Provincial Norberta Schulte.

A solene inauguração foi presidida de um tríduo na própria Casa de Retiros, iniciado no dia 29 de dezembro, às 6h da manhã, com a celebração da Eucaristia. Durante todo o dia houve adoração no Santuário da Mãe e Rainha Três Vezes Admirável e, às 20h uma grande carreata a partir da catedral Diocesana até a Casa de Retiros, trazendo a Imagem de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos. Na chegada, pregação realizada pelo Pe. Abílio de Marcos Sponchiado, seguida da bênção com o Santíssimo Sacramento. Nos dias 30 e 31 repetiram-se as missas de manhã, às 6h, a adoração durante o dia e, à noite, pregação, dizia-se sermão, proferida pelo Pe. Frederico Didonet, cura da Catedral; logo após, bênção com o Santíssimo. No dia 31, a pregação à noite foi feita pelo Pe. Alfredo Venturini.

O dia da inauguração foi extremamente quente e seco e, como não havia asfalto, muita poeira dançava nos ares.

O ato inaugural teve início com solene missa presidida pelo Provincial dos Palotinos, Pe. Benjamim Ragagnin; os cantos estiveram a cargo dos seminaristas palotinos e irmãos maristas, coral regido pelo músico Pe. Jorge Zanchi. Após o evangelho, fez o discurso inaugural o conhecido orador sacro, Pe. Dorvalino Rubin. Logo após a missa, usou a palavra o Bispo Diocesano Dom Antônio Reis que, visivelmente feliz e emocionado, falando de improviso, manifestou sua alegria pela inauguração da Casa de Retiros, afirmando que a sua construção era o maior monumento de compreensão espiritual e sobrenatural da diocese.

Chamou-a de quartel-general de Cristo Rei. Felicitou, ainda, os padres palotinos por terem dado à diocese esta Casa, que é a casa mais abençoada desta cidade de Santa Maria. Agradeceu de modo muito especial ao Pe. Celestino Trevisan, ao qual chamou de Fundador da Casa de Retiros.

Para expressar toda sua alegria e gratidão, Dom Antonio ofereceu à Casa de Retiros um belíssimo crucifixo de bronze que recebera do clero da cidade de Porto Alegre por ocasião de sua ordenação sacerdotal.
O primeiro reitor da Casa de Retiros foi o Pe. Vitélio Trevisan e o diretor ou promotor de retiros, também coordenador dos missionários palotinos, o Pe. Celestino Trevisan, o qual teve como auxiliares os Padres Dorvalino Rubin e Sebastião Lovatto.

Os primeiros três retiros foram orientados pelo Pe. José Kentenich, fundador da Obra de Schoensttat. O primeiro, realizado de 4 a 7 de janeiro do mesmo ano, foi organizado para 34 padres cooperadores e capelães. O segundo foi endereçado para párocos e vigários da diocese e aconteceu nos dias 11 a 14 de janeiro também de 1949, do qual participou o próprio bispo diocesano e padres palotinos, seculares, franciscanos, capuchinhos, do Verbo Divino, da Sagrada Família, do Sagrado Coração de Jesus e Saletinos em número de 69 padres. O terceiro, exclusivamente para padres palotinos, e dele participaram 33 padres.
Daí em diante os retiros sucederam-se de forma rica e contínua até 1964, contabilizando 390 turmas de retirantes, mais 9 cursos de formação cristã, num total de 12.812 participantes.

A partir de 1964 até 1974 quem mais ocupou a casa de Retiros foi o Movimento Apostólico de Schoensttat, depois, este construiu sua casa de encontros, o Centro Mariano.

Seguiram-se 10 anos, poderíamos dizer de inverno, ou de vacas magras, pois os retiros desapareceram. No entanto, a partir de 1972, com a vinda do Movimento de Cursilho para Santa Maria e com a Legião de Maria, os retiros foram retomados, claro, retiros de estilo diferente. Mas a Legião de Maria conseguiu construir sua sede própria e a Casa de Retiros ficou praticamente com os retiros para o Movimento de Cursilhos que acontecem até hoje com muito entusiasmo. Nestes 37 anos foram realizados, pelo Movimento de Cursilho, 234 retiros. Também, desde 1973, um significativo número de pessoas, ligadas o Cursilho, se reúne todas as segundas-feiras para aprofundar sua fé. Hoje, além desses, a Casa de Retiros destina-se para cursos de formação pastoral e outros e mesmo para diversos tipos de eventos.

Realmente, o que foi dito por Dom Antônio Reis no lançamento da pedra fundamental da Casa de Retiros , “…se as paredes desta Casa, depois de algum tempo, pudessem falar, quantas maravilhas nos revelariam!…” E é verdade, se as paredes desta casa falassem, contariam maravilhas acontecidas nos incontáveis de dias e noites de evangelização, falariam de alegria, de conversões, de encontros pessoais e profundos com Cristo.

Por tudo isso nosso profundo agradecimento e louvor a Deus maravilhosamnente presente nesta historia de 60 anos, bem como aos construtores e continuadores desta história.

Salvem os 60 anos da Casa de Retiros, “CENÁCULO DE SANTA MARIA”.

Fonte: Arquivo da Província Palotina.